MORADA
procurei aflita
algum pedaço
de coisa qualquer
que eu conhecesse
algo que olhasse pra mim
e que eu entendesse
e me entendesse de volta
p'reu poder respirar
tranquila
e não ter medo
mas as poucas e raras coisas
que me eram familiares
estavam perdidas
atrás de grandes móveis
e poeiras de problemas
*
lembrei então do poema
corri pra barra da sua saia
ouvi e cantei canções de sabedoria
criei eu mesma um rosto
que fosse "casa"
feito de palavras
soprei os versos pelo nariz
ele viveu
o rosto tinha a minha cara
o meu sentimento
e eu já não era medo