9 de abril de 2015

88.

Sete dias 

Em seis dias deus criou o mundo, no sétimo descansou. Em seis dias criamos um mundo, que no sétimo desmoronou. Deus não existe, existimos nós como pensávamos?

Eu, que já não cria Nele, acreditei que você também não era real, nem o eramos nós fora do mundo que criamos, muito pequeno para ser bastante. Mas você voa fácil, passarinho que não se prende a dores, pro qual voar nunca é sofrer; se doar, no entanto, pra essas histórias loucas e mirabolantes de cinema independente, não vale a pena.

E você voa, então, como um deus que não precisa de discípulos, de fieis, só mesmo das asas que o leve pra longe. Fico eu, sem teogonia, feito José. Sem fuga que não seja suposta. Sem céu nem paraíso, sem cuidado nem cura de todas as feridas. Não sei se por pecado e desmerecimento ou se porque nada disso existe.