28 de maio de 2013

71.

A infância escondida na parede.

Se aquela parede áspera e branca da infância ainda não foi derrubada, em algum lugar, agora, embaixo de mãos e mãos de tinta, estão as impressões deixadas com tinta de mãos e mãos;
em algum lugar, agora, está a minha inocência adormecida, bem pequena, escondida em tinta vermelha, juntamente com várias outras inocências também guardadas em impressões de pequenos polegares, anelares  e outros que se saúdam e também se vão.
Desenhos com formas que adulto algum possa reconhecer se escondem lá!
A camada funda da parede que me guarda inocente, guarda também, em sua lembrança parca de objeto inerte, uma única imagem, na qual crianças bem pequenas com seus aventais coloridos tentam desenhar na parede áspera e branca do lugar, um mundo todo bonito
que jamais existiu.