23 de setembro de 2011

36.

A pipa laranja.

O céu acima da minha cabeça estava inundado em núvens, mas a vista de longe era limpa. O dia estava lilás e frio e o mar era de um verde escuro, escondendo tudo o que nele vivia.
Não haveria ninguém na praia aquela tarde não fossem alguns garotos que corriam pela areia empinando uma pipa. Logo passaram por mim, sorridentes e radiantes como se nada mais importasse a não ser o pequeno papel colorido dançando por
entre as nuvens que avisavam sobre a chuva.
Eu continuava estática em frente ao oceano, o vento levando meus cabelos para longe, dançando com a pipa e as ondas do mar.
Os meus olhos se fecharam e o meu sorriso se abriu. Eu ouvia apenas o barulho do mar e da risada das crianças que tentavam, no céu escuro daquela tarde, desenhar lindos sonhos com uma pipa laranja.

1 de setembro de 2011

35.

Serenata.
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles.