18 de outubro de 2015

94.

Chaminé 


À noite, bem no escuro
- uma luz tímida vinda do poste através da janela -
Quando ninguém te enxergaria
Queria tanto sua presença

Você sempre aparece
Como um amigo imaginário
No oculto
No sonho
Nos lugares escondidos
onde só eu posso te ver
Nas fugas
Nos medos

Como um sussurro atrás do ouvido
Meio engraçado e zombeteiro
Outrora sério, quase cinza
Me canta um poema triste
Faz uma careta
E vai embora

Feito um fantasma com febre
Moribundo
Interessado em saber
Se existe morte
Após a vida

2 de outubro de 2015

93

Tesseract

Não sei mais dizer
assim e pronto
sem fazer
as palavras dançarem

Tenho uma ideia
mas apenas contá-la
é simples demais
para o poema

Ele possui uma
quarta dimensão
que se chama flor

transformar a ideia em poema
é não só contá-la
mas além disso
(e ao mesmo tempo)
é plantar
regar
e nascer

1 de outubro de 2015

92.

Sobre os amores-totem

Lembrei-me da iconoclastia
Livrei-me dos toténs que habitavam meu altar de flores
Joguei-os no chão
Os fiz em padaços
Subi os degrais do altar em glória
Dancei a música que só eu ouvia
Cumpri a lei e
Jamais adorei nenhum outro deus além de mim