17 de agosto de 2015

91.

MORADA


procurei aflita
algum pedaço
de coisa qualquer
que eu conhecesse

algo que olhasse pra mim
e que eu entendesse
e me entendesse de volta
p'reu poder respirar
tranquila
e não ter medo

mas as poucas e raras coisas
que me eram familiares
estavam perdidas
atrás de grandes móveis
e poeiras de problemas

*

lembrei então do poema
corri pra barra da sua saia
ouvi e cantei canções de sabedoria
criei eu mesma um rosto
que fosse "casa"
feito de palavras

soprei os versos pelo nariz
ele viveu

o rosto tinha a minha cara
o meu sentimento
e eu já não era medo