Inquirição poética
O que estamos fazendo? Você faz
alguma ideia? Pra onde estamos indo, a troco de que? Você ao menos sabe? Essa
dança, esse jogo, essas regras, qual o sentido? Quem me colocou aqui? Como eu
me coloquei aqui? É muita coisa, um mundo inteiro pra um corpo tão pequeno, tão
frágil, uma força tão minúscula. Não me refiro a mim, mas a nós.
Esse corpo de pétala de flor, de casca de folha, tentando segurar uma ventania,
uma tempestade, uma pedra. Ele morre, sabia? Você faz alguma ideia de pra onde
vamos? Depois que as luzes apagam, a gente acende as velas, junta a família e
conta uma história ou vamos pro paraíso? Depois que o corpo morre, nós viramos
terra? Paramos de questionar o mistério e nos tornamos parte dele?
Olho pra dentro. O que é isso que
fizeram de mim? O que é isso que me tornei? Eu tenho controle, escolha? Como eu
mudo? E se eu cortar e pintar o cabelo, fazer tatuagem das minhas bandeiras,
dar um grito bem alto!! Será que isso move as ondas do mar que somos? E se eu explodir, uma
explosão insuportavelmente
silenciosa...
será que eu me liberto em voo de borboleta?