16 de março de 2016

97.

Inquirição poética


O que estamos fazendo? Você faz alguma ideia? Pra onde estamos indo, a troco de que? Você ao menos sabe? Essa dança, esse jogo, essas regras, qual o sentido? Quem me colocou aqui? Como eu me coloquei aqui? É muita coisa, um mundo inteiro pra um corpo tão pequeno, tão frágil, uma força tão minúscula. Não me refiro a mim, mas a nós. Esse corpo de pétala de flor, de casca de folha, tentando segurar uma ventania, uma tempestade, uma pedra. Ele morre, sabia? Você faz alguma ideia de pra onde vamos? Depois que as luzes apagam, a gente acende as velas, junta a família e conta uma história ou vamos pro paraíso? Depois que o corpo morre, nós viramos terra? Paramos de questionar o mistério e nos tornamos parte dele?

Olho pra dentro. O que é isso que fizeram de mim? O que é isso que me tornei? Eu tenho controle, escolha? Como eu mudo? E se eu cortar e pintar o cabelo, fazer tatuagem das minhas bandeiras, dar um grito bem alto!! Será que isso move as ondas do mar que somos? E se eu explodir, uma explosão insuportavelmente

silenciosa...

será que eu me liberto em voo de borboleta? 

7 comentários:

  1. Será,
    ____Serás,
    ________Seremos
    ______________(?)

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  2. Anos a fio me possuindo o coração.
    Eu amo tua escrita.

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  3. Talvez não haja uma resposta pra cada uma pergunta. São só suposições e questionamentos, não é? Esse é o movimento. Não estar certo de nada nos faz dar passos, nem que sejam para traz. São visões multiplicadas e a gente só pode arriscar ou então não existimos. (isso dá um pouquinho de angústia, mas é bem poético e tá em todo mundo de diferentes formas). Bjs!!!

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  4. A vida esse absurdo, hein?. As vezes me pego pensando sobre a ilusão universal de que a vida tem um sentido que pode ser facilmente decifrado: esse Deus do propósito e da predestinação, essa fé no cosmo e na consciência do mundo, que irritam meu intestino e me dão náuseas. Um mundo de merda, diga-se de passagem. Tenho estado cada vez mais de saco cheio dos radicais cristãos do Deus do velho testamento, dos mornos com seu Deus encarnado na energia e no big bang, mas também e principalmente dos intelectuais do pós-humanismo e do seu panteísmo reformado que prega que uma vez que perecemos e nos livrarmos do nosso corpo no ritual da morte, então estamos livres das amarras da existência corporificada, nós nos disseminamos no tecido da realidade, nos tornando o grande todo, o infinito, a Guestalt, blá blá blá, a nossa essência, essa coisa tão "linda, pura e feita de luz" finalmente na morte, faz parte de algo maior e mais sábio, nos dando o sentimento de eternidade e importância que o Deus do velho testamento dá aos cristãos fervorosos. O que houve com o bom, velho e grande finale? a morte, a falta de sentido e o absurdo são banais, é o que mais há, é o que caracteriza e define a vida. A consciência do fim de tudo (ou da própria consciência, por assim dizer) perspectiva o ser e a existência. Porque no final das contas talvez a resposta seja a mais simples: aleatoriedade, Chaos e falta de sentido. Talvez, o mais bonito e incomensurável nisso tudo é o como lidamos com isso. É como essa pequenez e "desimportância" nos faz grandes, imensos, quando pensamos que seremos pequenos e desimportantes apenas e uma única vez.

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    1. Que legal seu comentário, gostei muito, de verdade. Obrigada! Abraço.

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  5. Esse corpo de pétala de flor, de casca de folha, tentando segurar uma ventania, uma tempestade, uma pedra . Que trecho que me cativa. Este teus escritos deveras fascina! Acompanhando-te.

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