4 de agosto de 2011

34.

As cores do meu quarto.

Aprendi que um objeto exposto a uma luz monocromática pode emitir apenas duas cores: o preto e a cor dessa mesma luz. Depois notei que a minha vida é como um quarto com uma luz monocromática emitida pelas pessoas a minha volta, e eu, um simples objeto, aparento ser como os outros que me cercam, não consigo mostrar as minhas cores verdadeiras. Vivo a procura de um lugarzinho no mundo onde cada um possa mostrar quem realmente é, onde as luzes são brancas e permitem que todas as cores sejam expostas. Não quero aparentar ser apenas o reflexo desse mundo patético, eu sou bem mais. Quero mostrar e ver toda a infinidade de cores ao meu redor, todo esse arco-íris. Queria um lugar onde as pessoas não vissem apenas o pior das outras, nem criticassem em noventa por cento do tempo em que estão acordadas. Ai, como eu queria um mundo onde eu pudesse respirar um ar sem toda essa maldade, maldade a qual também é a cor da luz monocromática dessa minha vida, essa maldade que é uma das únicas cores que eu posso exprimir nesse quarto preto e patético, preto e crítico, preto e maldoso, nesse quarto que de todo modo é escuro e não há portas nem janelas que deixem a luz entrar.

2 comentários:

  1. Lindo texto! Interessante como consegues ser concreta nas metáforas, porém profundamente lírica. Um mundo onde pudéssemos ser a cor que nos cabe do arco-íris: utópico?

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    1. Obrigada, Jorge.
      Não sei, espero sinceramente que isso não seja uma quimera.
      Volte sempre.

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