24 de fevereiro de 2012

53.

AMOR E MEDO.

Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...

Casimiro de Abreu.

2 comentários:

  1. Os da segunda geração romântica são os melhores. E Casemiro arremata como se buscasse algo no âmago dele para atingir o âmago de todos que leem com o mesmo sangue que ele escreveu. Mas que bobagem: eu acabo de descrever o que é poesia.

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    1. É verdade! Acabas de descrever o trabalho de um poeta.
      Às vezes acho que não deveríamos nunca ter saído do romantismo, daquela época tão nobre e bela. A realidade nos fez involuir nesse aspecto, acredito.

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