10 de julho de 2012

61.

Circular e constante

E aqui estamos, depois de tantas palavras, de tanto sentimento. O que fez desde a ultima vez?
Olhe ao seu redor. Isso é novo?
Olho ao meu redor e nada é novo.
Arrumei todo o quarto e mudei os moveis de posição, só pra parecer que saí do lugar, que as coisas vão mudar. Não vão.
Achei um calendário propaganda no quarto de visitas, coloquei aqui do lado só pra ter aquela impressão de que espero por um dia marcado em que algo magnifico acontecerá. Não irá.
A mesma velha chuva e o mesmo velho sentimento de estar jogando fora a vida.
Como eu queria acordar amanhã e ter toda a coragem do mundo pra fazer do meu dia algo fantástico e memorável, mas tudo o que tenho cabe no espaço de mim e se chama medo.
Esse é o meu quarto que abrigando tantos pensamentos não abriga quase nenhuma atitude. Quero mudar e tudo o que consigo fazer é trocar os móveis de lugar. E continuar no mesmo lugar.
— Por onde andou?
— Em círculos. E você?

8 comentários:

  1. Os mesmos velhos olhos, as mesmas pernas inertes... Como notar o novo? Como, para ele, mover-se? Como fazê-lo?

    Belo texto!

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    1. Sou figurinha repetida, também só tenho as perguntas, precisamos achar alguém com as respostas.
      Obrigada, Jorge.

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  2. "que abrigando tantos pensamentos não abriga quase nenhuma atitude"
    Gostei. O lirismo restrito e a limitação do poeta são, paradoxalmente, motivos para escrever, para poetizar o cotidiano monótono e circular. Parabéns!

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    1. Obrigada, Raul. Fico feliz em ver alguém novo por aqui, seja bem-vindo.

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  3. E quando a gente faz moradia na própria solidão, dá abrigo, cobertas quentinhas, casa, comida e ela fica aqui. Mas acredito que apesar desse momento de "tédio", onde andamos em círculos, mas apesar disso, "E porque o mundo, apesar de redondo, tem muitas esquinas", tente acreditar nisso. Tentamos.

    Um beijo, cuide-se.

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    1. Tentamos.
      Muito obrigada pelo o tempo que você dedicou ao meu blog, lendo, comentando. Volte sempre à minha suposta fuga, será bem vinda.

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  4. "A mesma velha chuva e o mesmo velho sentimento de estar jogando fora a vida." Interessante como a poesia nos faz encontrar pessoas que sintam o mesmo que a gente, mesmo quando dizemos "ninguém nunca vai entender".

    Adorei o texto, o blog e prometo voltar.
    Au revoir.

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    1. Obrigada Lyv! Volte sempre. O mundo é cheio de pessoas que fazem os nossos dias serem feios e anti-poéticos, precisamos nos juntar! rs.
      Seja muito bem vinda!!

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