18 de fevereiro de 2013

67.

Ossos pneumáticos.

Quando a boa notícia esperada não veio
quando não podia mais chegar
eu fui lá fora pegar a toalha do varal.
Corria um vento suave
e o frio era acolhedor.
"Se eu ao menos pudesse voar", pensei.
Não podia.
Se eu ao menos pudesse fugir, pensei.
Não devia.

Eu queria que algo subversivo acontecesse
algo que mudasse as preocupações do futuro
que fizesse tudo de importante ser bobagem.
Ah se a vida tomasse um rumo inusitado!

Acho que sou um pássaro preso em corpo de gente
como um cisne em meio ao patos
acho que estou fadada a nunca ir para casa.

Se ao menos eu pudesse voar...
Ir pra bem longe, despreocupar disso, jogar tudo pro alto,
mas estou presa no chão como planta
e das estrelas só posso ter a vista
de infinitos anos-luz de distância.

8 comentários:

  1. Depois de ler isso, imaginando a sua voz, me deu um aperto tão grande. Talvez porque se nós pudéssemos voar, nunca mais pisaríamos no chão...

    O engraçado, Tiane, é que percebo seus olhos de águia que podem ver mais longe e mais alto, e seu corpo de passarinho, pequenininha toda inquieta.

    (Estarei esperando por mais uma arte sua.)

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    1. Que lindo seu comentário, Thayná, ganhei meu dia ao ler. Muito obrigada, fico muito feliz que você tenha gostado.
      "Toda inquieta", é, isso soa como eu.
      Mas de que me adianta, querida, ver mais longe e mais alto se não posso ter nada do que vejo? Não posso ir mais longe e não posso ir mais alto... Bom, não vou mais te apoquentar com minhas loucuras internas. Será um imenso prazer te ver por aqui de novo, eu não costumo escrever coisas boas muito constantemente, então demoro um pouco de aparecer por aqui, mas estarei tentando.

      Um abraço! (não se assuste com as asas)

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  2. Ah! Essa sensação de deslocamento inerente aos poetas...

    um abraço

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  3. "Como quem se comove com as estrelas só de vê-las, só de tê-las ao olhar"

    http://apoesiaestamorrendo.blogspot.com.br/

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  4. Seus textos são muito peculiares e lindos. Me identifiquei bastante com esse.
    =)

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  5. Inspiradora sua linguagem. Desperta sentimentos perdidos. Ou melhor, latentes e que ousaram se esconder pelo medo da frustração. Poeta de mão cheia, da linguagem cheia de símbolos. Devias publicar um livro!

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