23 de dezembro de 2014

85.


o corpo que não cai


dentro do corpo
um coração

cheio de dores completas
de belezas perdidas
e fantasmas secos
sem plasma
sem lençol
e sem correntes


um verme

rastejando pelas paredes
um verme besta
burro
corrói as certezas
as incertezas
e vai empurrando a vida
deixando ir
sem nem saber pra onde


uma borboleta

inquieta e perdida
voando presa
dentro do corpo:

e se as asas caem
e se vier casulo
e depois lagarta?
e se erro tudo
e o tempo passa
e vejo o fim
antes do começo?


uma flor

se abre e vai mostrando
que o solo é fértil
basta plantar
que ainda há mesmo muita vida



a borboleta pousa
e sonha

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