6 de junho de 2011

15.

O caminho e o destino.

Sentou-se em um banco estreito, ao lado do velho homem que sempre aparecia pelas bordas da vida vazia. Com seu charuto na boca, tinha cor morena, cabelos grisalhos e voz serena. Aparentava ser sábio, e as rugas na face denunciavam sua longa experiência.

Céus, como estou cansada.
Cansada de que, querida?
De andar tanto e não encontrar coisa alguma, senhor.
Bem sei, bem sei. Disse afirmando com a cabeça. Com seu charuto por entre os dedos, pintava no rosto um sorriso quase invisível.
Estou com fome.
Fome de que, querida?
De sonhos realizados, eu acho.
Bem sei, bem sei. Disse o velho tirando o charuto da boca, deixando a fumaça sair. E continuou:
A fome morre no corpo. Os sonhos morrem na alma.
A fome morre no corpo. Os sonhos morrem na alma. Ela repetiu.
Sabe, senhor, o pior é não saber quando essa jornada cansativa vai acabar.
Talvez você não deva nem queira saber, minha jovem.
Pois quero, e até me atrevo a dizer que devo!
O velho sorriu.
E se a vida for menos do que você pensa? E se os teus sonhos forem como névoa prestes a se dissipar?
Não suportarei, eu suponho.
Pois então, se alimente dos sonhos enquanto eles podem matar a tua sede, enquanto você ainda tem fé o bastante pra criar um destino que ainda nem veio.
Ela suspirou e disse:
Devo continuar, senhor?
Sempre, querida. Sempre.

3 comentários:

  1. Sempre encantando com seus textos incríveis e eu sempre adorando, parabéns linda!

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  2. Tiane, como já te disse, sou fã do que você escreve, o texto ficou lindo e me inspirou como tudo o que você escreve! Parabéns fofa. - Isabelly.

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  3. Obrigada, fofas. Vocês duas estão sempre elogiando o que escrevo e me animando, muito obrigada. Voltem sempre.

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